Concordam que é segredo, mas assim, em segredo, olhos vagando sonsos pelo recinto, como se vista nenhuma eles procurassem, enquanto, na intimidade do conhecimento compartilhado por eles, debulham frenesi, até alcançarem o ponto da saudade. Daí que seus olhares perdem toda a capacidade de serem astutos e diligentes, de se evitarem no intuito de impedirem o caos. Daí que até o caos lhes parece mais dócil quando seus olhares endoidecem, e se tornam permissivos e descarados, mergulhados no despautério da solidão, ela que fica logo a fim de cometer, poeticamente, o suicídio. Questionam, silenciosamente, o motivo de os olhares serem tão traiçoeiros, que toda encenação pode muito bem funcionar, mas quando ela chega ali, no degustar a imagem do outro, os olhares se tornam independentes e libidinosos, cavoucando a alma deles, pobres amantes com segredo já desvendado por todos, mas que insistem em alimentar suas almas com inconfessáveis confidências.
Últimos posts por Carla Dias (exibir todos)
- RETRATO - 26/07/2016
- SIM - 09/07/2016
- SOBRE CELEBRAÇÕES - 21/06/2016