CRÔNICAS FALAS CONTADAS

OBRIGADO, RITA, POR ME FAZER CHORAR

Detesto a morte.

Não que para ela isso faça alguma diferença, ela vem e virá como sempre. Mas a considero injusta na maioria das vezes. Vem e leva tanta gente boa e deixa por aqui um monte de lixo humano, do tipo que mortos não fariam falta…

E normalmente encaro a morte de alguém com a tristeza do momento, mas não me abalo muito, pois previsível que é, não gosto de perder meu tempo com ela.

Mas algumas me machucam e muito. Posso enumerar várias, a maior de todas a do meu pai.

Mas quero escrever hoje de uma que hoje me fez chorar por fora e por dentro. A de Rita Lee.

Nunca fui fã de carteirinha dela, apenas um grande admirador. De suas músicas tão boas. De sua leveza pessoal. De sua competência musical. Mas acima de tudo, de sua irreverência, da sua alegria, do palavrão fácil.

Das artistas de minha época, Rita Lee foi a que mais se aproximou de minha maneira de ser.

Boca suja, usava isso em suas canções maravilhosas e inteligentes.

Queria que o mundo todo a amasse e a quem não a amasse, ela diria apenas: Fodam-se. Ela só queria ser feliz.

Rita, você não vai virar uma estrelinha no céu, porque não existe céu. Nem uma luzinha, uma vida eterna, nada.
Game over. Você vai apenas desaparecer na cremação, deixando a vida como ela é.

Mas seu legado musical, sua irreverência moleca, sua alegria vão ficar na minha lembrança por muito tempo.
Obrigado por sua música, sua vida e por me fazer chorar.

Estava esquecendo da minha humanidade, do choro alegre e triste, depois de ter vivido uma era terrível pós Bolsonaro e pós pandemia.

Vai e deixa uma frase sua que sempre adorei:

“Você nem imagina a imensidão do quanto estou pouco me fodendo para o que dizem. A vida é curta, e eu, grossa.”

Raul Lessa
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Raul Lessa

Raul Lessa

Economista e Publicitário, especialista em Marketing. Pai de quatro filhos e avô de oito netos.
Vive em São Paulo.

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