RESENHAS

GRANDE MAGIA | ELIZABETH GILBERT

grande_magiaNove anos após virar uma popstar da literatura com “Comer, Rezar, Amar” – um livro  autobiográfico que vendeu mais de 10 milhões de cópias e foi adaptado para o cinema com Julia Roberts no papel principal -, e outros três romances sem tanta visibilidade, a escritora Elizabeth Gilbert retornou às livrarias com “Grande Magia”, pondo em prática o mantra que a orienta depois de uma desilusão amorosa que a levou a largar tudo, percorrer três países e escrever seu primeiro livro:


“Viver uma vida mais motivada pela curiosidade do que pelo medo”.


Ao compartilhar histórias da própria vida, amigos e pessoas que sempre a inspiraram, Elizabeth Gilbert, 46 anos, reflete sobre o que significa vida criativa no livro lançado em Outubro/2015 pela Editora Objetiva.

Segundo Liz, uma vida criativa é aquela motivada pela curiosidade, sem medo, um ato de coragem. É sair do seu quadrado e investir em seus talentos e em coisas que lhe dêem mais prazer.

A partir de sua própria perspectiva e aprendizado com os bons e maus bocados que passou, a escritora tenta passar como abraçar essa curiosidade e se entregar àquilo que mais se ama. Coisas como escrever um livro, encontrar novas formas de lidar com as partes mais difíceis do trabalho, embarcar de vez em um sonho sempre adiado ou simplesmente acrescentar paixão à vida cotidiana. Cada um tem que encontrar, em algum ponto da vida – e quanto antes melhor -, o que para si significa viver com criatividade para sentir mais plenitude e ser mais feliz.

Nas quase 200 páginas desse novo livro, ela compartilha experiências e nos convida a dar-se uma chance para ver aonde nossas ideias podem nos levar – que, sim, pode ser tanto a algo que renda sucesso como a um beco sem saída.

Mas quando fala sobre “viver criativamente”, Liz se refere à curiosidade de arriscar por algo – vencendo o medo que as posições confortáveis nos provocam. É sempre mais simples e fácil manter-se na zona de conforto, mas isso nem sempre significa estar feliz. E é isso que seu livro instiga: a desistir de viver atolada pela rotina, sem prazer pela vida.

Mas, para tanto, não é preciso vender a casa, largar o emprego, abandonar marido/filhos, mudar de País. O que a autora sugere é descobrir o que, dentro da vida que você estabeleceu para si, pode fazê-la mais feliz. Pode ser aprender a pintar, voltar a estudar, começar a treinar um esporte. A ideia é buscar algo que revele beleza e transcendência à sua vida e que parece não estar acessível de outra maneira a não ser a partir de uma entrega a essa opção.


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Elizabeth Gilbert

“Quando falo aqui de “viver criativamente”, entenda que não estou necessariamente falando de buscar uma vida que seja dedicada profissional ou exclusivamente às artes. Não estou dizendo que você precisa virar poeta e ir morar no topo de uma montanha na Grécia, que precisa se apresentar no Carnegie Hall ou vencer a Palma de Ouro em Cannes. Não. Quando falo de “viver criativamente”, estou falando de maneira mais ampla. Estou falando de viver uma vida mais motivada pela curiosidade do que pelo medo.

E, embora os caminhos e os resultados da vida criativa variem muito de pessoa para pessoa, é garantido: uma vida criativa é uma vida mais ampla. É uma vida maior, mais feliz e muito, muito mais interessante. Viver dessa maneira – contínua e obstinadamente trazendo à tona as joias escondidas dentro de você – é uma arte em si. Porque é na vida criativa que sempre estará a Grande Magia.”

(Elizabeth Gilbert)

Débora Böttcher
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Débora Böttcher

Débora Böttcher

Formada em Letras, com especialização em Literatura Infantil e Produção de Textos. Participou do livro de coletâneas "Acaba Não, Mundo", do site "Crônica do Dia", onde escreveu por 10 anos. Publicou artigos em vários jornais. Trabalha com arte visual/mídias. Administra esse portal - que é uma junção dos sites Babel Cultural, Dieta com Sabor, Hiperbreves, Papo de Letras e Falas Contadas.