Entrou no elevador saturado de gente e apertou o nono andar. Caminhou até a sala de reuniões, olhou as pessoas sentadas em torno à mesa, e ocupou o lugar com seu nome. Acabara de chegar à cidade, e ainda não compreendia a angustia acelerada em que todos pareciam viver. Na sala, todo mundo falava ao mesmo tempo, atropelando-se. Na rua, as crianças berravam. Os gritos emaranhavam-se com o desespero das mães, e as vozes dos vendedores ambulantes. O barulho crescia e se espalhava. Os carros buzinavam. Os motoqueiros xingavam. Os helicópteros azucrinavam. A vida rolava solta e barulhenta… como de costume. Mas nesse dia ela estava particularmente feliz e não se importava. Finalmente, tinha aprendido a desligar o aparelho auditivo.