Coloca o coração nas mãos do desejo: ruminar limites até transformá-los em bênçãos, alongando o aprazimento até o cúmulo dos carinhos, para então tocar-lhe a tez por tempo indeterminado, sem pressa. Começa miúdo, dizendo um nada extremamente importante para ela que, versada em emoções efêmeras, crê que encontrará as duradouras somente após enredar-se aos vãos, às frestas, às imperfeições impreterivelmente imodestas, aos salientes dilemas. Para ela, a batalha entre sentimentos silentes e carência berrante, chegará ao fim apenas quando ele aceitar a finalidade do mutável: salientar diferenças até que afinidades se revelem. Resigna-se, um tanto extenuado pelas buscas que não lhe preenchem com destinos, fazendo com que se curve às histórias com ciclos intermináveis de desapontamentos. Deita-se no chão, aos pés dela, e sonha um futuro de regalias, como a de tocar a tez da moça que lhe confia o sorriso, como se recitasse poema de autor desconhecido. Então, adormece em tom de finalmente.
| Carla Dias |
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