Ele morreu. Não que quisesse, esperasse ou pensasse no assunto. Era jovem, bonito, saudável. Saiu de casa naquela manhã, como sempre fez, para ir ao mesmo lugar, fazer o que sempre fazia. Dois ônibus chegaram ao mesmo tempo: escolheu, aleatoriamente, o de trás. Sentou-se logo no primeiro banco vazio, ao lado de uma moça que lhe pareceu familiar. O trânsito estava lento, como era de se esperar ao horário. Notou que ela o olhava insistentemente. Constrangido, disfarçou. Depois olhou para ela fixamente. E de repente se lembrou. Era uma antiga namorada, que ele abandonara quando engravidou. Sem graça, arriscou cumprimentá-la. Tarde demais. A lâmina que saiu de sua bolsa já lhe havia rasgado o estômago. Ela nunca o havia perdoado…
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