Abriu a janela e descansou a vista no gramado que se estendia além do horizonte. Apertou os olhos para observar à pureza das margaridas, a brancura aveludada das pétalas, a alegria amarela do sol central, a elegância do fino talo, e suspirou. Desviou o olhar para além da cerca viva de cedrinho que contornava a casa, e encarou a muralha rochosa de agrestes montanhas que pareciam proteger a paisagem. Elas estavam lá desde sempre, nem conseguia imaginar quantos anos, séculos, ou milênios. Ainda menos, quantas gerações de humanos tinham nascido, vivido, morrido e sido esquecidas, enquanto elas, as montanhas, permaneciam incólumes. Sim, elas continuariam lá impertérritas e indiferentes, assistindo a infindável curta-metragem do nascer, viver e morrer das gerações vindouras, que algum dia também seriam esquecidas. Só percebeu que havia alguém no quarto quando ouviu o ruído da porta ao se fechar. A janela esvaneceu-se, mas seu olhar vazio continuou procurando paisagens na parede.
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