LITERATURA

MÚLTIPLO LEMINSKI

01_Leminski_03_Dico KremerRoda o país a Exposição Múltiplo Leminski – um projeto que é resultado de anos de pesquisa e catalogação de todo legado deixado pelo artista Paulo Leminski (1944-1989). O escritor curitibano apresenta uma produção extensa, plural e absolutamente relevante para a cultura brasileira, que abrange não só a literatura – arte que experimentou profundamente –, mas outras inúmeras linguagens artísticas.

A proposta da mostra é revelar as facetas desse multiartista, abrangendo todas as suas áreas de atuação.

Múltiplo Leminski é uma exposição completa que busca elucidar e ampliar o conhecimento do público sobre a vida e obra de Paulo Leminski. “Ícone da poesia, ele trafegava por várias artes e profissões e, em tudo o que fazia, explodia em talento e criatividade”, informa Aurea Leminski, filha do artista e coordenadora geral da exposição.

O projeto da exposição prevê ações paralelas como palestras, ações educativas, shows e intervenções urbanas, poéticas e artes de rua em espaços públicos, com o intuito de envolver a cidade com a obra múltipla do artista e deixar sementes por onde passa.

“Leminski era um grande ser humano. Generoso no trato com os jovens, que se sentiam especiais quando conversavam com ele. É este lado do poeta, que a exposição também procura valorizar, para trazê-lo mais para perto das pessoas. Para alguns Leminski era, principalmente, um poeta. Mas, além de grande poeta, é bom lembrar que ele foi um pensador de cultura, haikaísta, tradutor, biógrafo, jornalista de imprensa escrita e televisionada, ensaísta, contista, romancista, autor de experimentações verbais e visuais, ‘polemista’, roteirista de histórias em quadrinhos, judoca, professor, publicitário, compositor. E, em tudo isso, ele era inovador”, resume Alice Ruiz.

Paulo-Leminski-e-Alice-Ruiz

Paulo Leminski e Alice Ruiz

Alice Ruiz, que foi casada com Leminski durante 20 anos, e as filhas Aurea e Estrela Ruiz Leminski, são responsáveis pela curadoria coletiva da mostra.


Linguagens

A exposição é dividida em nichos que apresentam as diversas linguagens e áreas que Leminski atuava: painéis, fotos, vitrines, espaços cênicos, vídeos, discos, poesias escritas em guardanapos, reproduções de grafites, histórias em quadrinhos, porta-retrato digital e sonorização do ambiente. Toda a ambientação foi elaborada de forma visualmente poética para condensar informações fundamentais para o entendimento sobre a vida, obra e processo criativo de Leminski.

Com material selecionado a partir do acervo particular da família, a exposição traz, além da máquina de escrever que Leminski usava, todas as edições dos livros escritos e traduzidos por ele, os principais títulos sobre sua a obra e aqueles que fizeram parte da biblioteca pessoal e que influenciaram diretamente sua produção, e o vasto repertório como letrista e compositor: recortes específicos da sua atuação como jornalista, publicitário e crítico, originais manuscritos e datilografados, entrevistas, cartas, documentos pessoais, crônicas de jornais e vídeos.

Para a criançada, foi pensado um espaço exclusivo no Múltiplo Leminski com direito a muitas atividades lúdicas. Leminski escreveu dois livros voltados para os pequenos: “Guerra dentro da gente” e “A Lua no cinema”. Do primeiro livro, foi feita a animação Belowars (mistura de bélico, em latim, com guerras, em inglês), que está na mostra. As crianças vão se divertir, ainda, com as músicas de “Pirlimpimpim”, um disco gravado por Guilherme Arantes, com músicas dele e letras de Leminski. A mais conhecida é “Xixi nas estrelas”.


Poesia, prosa e música

No espaço do ‘Leminski poeta’ estão reunidas todas as correntes das quais ele participou. Desde os haikais – ele aprendeu japonês para entender a estrutura da poesia oriental – aos poemas curtos, quase “pensamentos de humor”; poesias elaboradas dentro dos preceitos ocidentais; poesia marginal, passando pelo concpoemas-paulo-leminski-2retismo, que ele admirava; e o poema visual.

Na prosa, Leminski se destacou também em várias áreas, escreveu a ficção histórica “Catatau” e o romance “Agora é que são elas”. Este último é quase um roteiro de cinema. Ele também escreveu contos, ensaios, crônicas e biografias (Bashô, Cruz e Souza, Jesus Cristo e Trotski). As biografias foram reunidas num único volume, “Vida”, que foi reeditada pela Companhia das Letras. O artista aventurou-se ainda na prosa poética, com “Metaformose”, que versa sobre o mito de Narciso.

Se a maioria conhece as letras de Leminski, nas parcerias com músicos de todo o Brasil, poucos sabem que ele também foi compositor. “Verdura”, gravada por Caetano Veloso, tem letra e música de Leminski, assim como “Valeu”, gravação de Paulinho Boca de Cantor, ou “Mudança de Estação”, gravada pelo grupo A Cor do Som.

Como letrista, foi parceiro de Moraes Moreira, Itamar Assumpção, Edvaldo Santana e José Miguel Wisnik, entre outros. Alice Ruiz conta que há muitas músicas e parcerias inéditas que serão reunidas em CDs e songbooks por Estrela Ruiz Leminski, responsável pela divulgação da obra musical do pai. Entre elas, está até um poema de William Shakespeare, que Leminski musicou.


coracaoJornalista e cosmopolita

Como jornalista, manteve colunas em jornais e revistas (inclusive na Folha de S. Paulo e na VEJA), onde expunha suas opiniões sobre tudo, principalmente literatura, e também escrevia crônicas. Na televisão, fez parte do programa jornalístico “Vanguarda”, da Rede Bandeirantes, onde também tinha uma coluna. Nas horas vagas, praticava judô.

Foi também exímio tradutor e fascinado pela palavra em todas as línguas, chegou a estudar alemão para ler Goethe no original. Do latim, transcreveu o clássico Satyricon, de Petrônio. Do inglês, entre outras, traduziu obras de John Lennon (“Atrapalho no trabalho”), John Fante (“Pergunte ao pó”) e de Yukio Mishima (“Sol e aço”). Traduziu, via inglês, até poesia egípcia antiga (“Fogo e água na terra dos deuses”).

Leminski também foi professor de cursinho universitário, publicitário, palestrante e até autor de histórias eróticas em quadrinhos. Junto com desenhistas afamados, de todo o Brasil, assinou historietas publicadas pela extinta editora Grafipar, de Curitiba, e que integram a mostra Múltiplo Leminski.


noite_leminskiItinerância

Após o sucesso de público e crítica no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, a exposição despertou o interesse de ser levada para outras cidades. Foram fechadas parcerias para iniciar a itinerância, e Foz do Iguaçu, Goiânia, Recife, Salvador,  São Paulo, Fortaleza e Rio de Janeiro foram as capitais premiadas.

Confira no site mais informações sobre o projeto.



Fonte e Imagens: Caixa Cultural

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