Toda vez que escuto uma pessoa dizer – e naquele tom de lamento profundo – que a música brasileira já era, me vem ao pensamento muita gente boa fazendo ótima música. Obviamente, essa pessoa se refere à música popular brasileira, muito festejada pela combinação de música e poesia.
Sim, o fazer artístico conta também com quem não sabe fazê-lo, mas cai no gosto popular. Até aí, tudo certo. Tentar ganhar espaço é direito de todos nós, independente de quão talentosos somos para desempenhar o papel que desejamos conquistar.
Discordo de que a música brasileira perdeu a sua originalidade. Credito essa sensação a certa preguiça do ouvinte em buscar opções que não estejam disponíveis nas listas de hits da semana, no programa de tevê preferido, na playlist daquele site super frequentado. Deixar o mercado escolher por você é a pior coisa a se fazer, principalmente quando se busca mais do que a repetição de sucessos. Aliás, deixar que qualquer ferramenta mercadológica ou outra pessoa faça escolhas por você é viver no raso de si mesmo.
Quando penso em pessoas fazendo música brasileira de primeira, esse artista me vem à mente. Não apenas porque é um amigo muito querido, de quem acompanho a carreira, desde sempre, e adoro a obra. Aprendi, nesses anos todos acompanhando o fazer artístico de Kleber Albuquerque, que tão interessante quanto sua música é a forma como as pessoas se deslumbram por ela, assim como são conquistadas, de imediato, pelo carisma do artista, que devo dizer é legítima, não funciona somente no palco.
Não é a primeira vez que escrevo sobre Kleber e suas canções. Ainda assim, há sempre o frescor do momento, de como a capacidade dele em fazer canções emblemáticas – sem pensá-las com essa função – flui naturalmente.
A criatividade é o que lhe endossa como artista. A música é sua guia, a poesia está lá – o poeta a postos. Porém, Kleber tem a capacidade de ser criativo em diversos aspectos. Como os shows intimistas que vem produzindo.
Eu já tinha assistido a dois shows dele na sala de sua casa. Não foi somente a reunião de várias pessoas na sala da casa de alguém. Tinha cenário, tinha produção, era show com repertório escolhido para acolher os apreciadores de sua música e fisgar os que faziam sua primeira viagem. Era show para qualquer casa de show que o recebesse.
As letras das canções de Kleber Albuquerque poderiam ser lidas em um livro, feito poema, na crueza do seu sentido. O artista é plural e tem um público cativo, aqueles que cantam suas canções feito backing vocals, que escolhem suas canções para expressar sentimentos próprios aos outros, que deixam escapar desejos como “eu queria ter escrito essa canção” ou “parece que essa canção foi escrita para mim”.
Eu poderia escrever sobre todas as canções de Kleber Albuquerque que me tocam profundamente, e que, por várias vezes serviram de trilha sonora para os meus escritos. Porém quero que vocês aproveitem a viagem que é essa descoberta. Ele é um artista de uma leva que vem fazendo um trabalho bonito, que vale a pena se conhecer.
Aqui fica minha sugestão para que as pessoas que apreciam música conheçam algo novo. Também para que aquelas que dizem que a música brasileira já era, possam começar a perceber que não, ela não era. A música brasileira ainda é… Graças a artistas como Kleber Albuquerque.
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