Eu não gosto de falar em “luta” porque nem sou do tipo que faz jus a batalhas.
E eu só acredito no que vejo.
E o que eu vejo, em muitos contextos no que diz respeito à luta das mulheres, passa bem longe do que eu imaginava há trinta e cinco anos – lá quando a lei Maria da Penha não existia e o que os delegados diziam pros pais era quase uma sentença: “cuida da menina, porque a polícia não pode fazer nada”.
Lá quando o assédio era entendido como brincadeira – nas ruas, nas festas, nos clubes -, e nas relações de trabalho era como uma vírgula errada no memorando, ignorada assim que se saía da sala.
Toda sociedade sabia de tudo – nas famílias, nos escritórios, até nas igrejas (o pior lugar, aliás, pra se levar uma queixa desse tipo na minha opinião).
Nos dias de hoje, os abusos são igualmente claros, mas até muitas mulheres ainda os ignoram.
Não são mais nem menos frequentes, apenas são expostos – e parte da sociedade ainda não entendeu todos as nuances dessa teia que menospreza as mulheres.
A violência diária nos surpreende? O amor segue sendo uma bandeira poderosa para justificar a morte e todos os dias dezenas de mulheres são assassinadas – em particular por seus maridos/namorados/amantes. E hoje está até caracterizado – Feminicídio -, mas eu confesso que esperava mais do mundo moderno do que dar nome ao fato.
Dias “mulheres” virão? Virão – mas acho que demora. Porque ainda tem falas de outra época que se normaliza e nem se percebe os meandros embutidos no viés de violências e desrespeitos – ainda há países que sequer deixam suas meninas e mulheres estudarem!
Quantas décadas mais serão necessárias para a mudança real? Quantas gerações de mulheres ainda terão que resistir, persistir, LUTAR?
Quem viver, poderá responder…
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