Foi avisada para caminhar cadenciado, ou seu passo a passo poderia dar em dança, e pelo jeito, ninguém ali estava muito a fim disso. A menina segura a barra do vestido, de um lado e de outro. Ao encarar a diretora, recebe um aviso, olhar no olhar, para que se comporte. Solta a bainha do vestido, braços ao lado do corpo, sem coreografia, sem graça. Olha para as pessoas seriíssimas, sentadas a sua frente. Já que tem plateia, por que não pode dançar? Dá uma reboladinha e a diretora a repreende:“quieta!”. A menina paralisa, tem medo de ficar sem jantar por não ter se comportado. As pessoas que a diretora jurou que poderiam ajudá-la, nem mesmo olham para ela. E quando o fazem, botando reparo nela de um jeito que a assusta, alegam: “ela é muito agitada e velha, ninguém vai querer”. A menina sorri, que já que hoje ainda não é dia de ser adotada, vai dar tempo de correr até o salão de brincar para dançar um pouquinho, antes da sua prometida vida nova.
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