Quem não acredita que foram feitos um para o outro? Seus olhares se enroscam, há gentileza explícita nas suas palavras. Trejeitos orquestrados pela paixão. Um dos moradores se gaba de ter vivido algo do tipo, apesar da infelicidade que o assaltou, após o divórcio. Morre de inveja do casal. Para ele, só quem viveu é capaz de identificar tal felicidade. Ela facilmente detectada em como ele a segura pela cintura e ela curva a cabeça, a fim de que seus olhares não se percam um do outro. Uma vez por semana, a vizinhança se junta para vê-los no palco improvisado da praça, exemplo que são de que o amor existe. Depois do espetáculo, os dançarinos agradecem aos presentes, sempre sorridentes e de mãos dadas, e assim caminham até a esquina. Quando sumidos da vista daqueles que lhes pagam para subir no palco uma vez por semana, despem-se dos personagens. Nem trocam um olhar quando cada qual segue para um lado, completos desconhecedores da felicidade com a qual ganham a vida.
© Louis Icart
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