Havia retornado ao lugar de origem. Passeava sob as ramas dumas árvores que, há tempo, tinha ajudado a plantar. Estava no jardim da infância. Mas agora, até as árvores eram vetustas, como ela. Caminhava submersa num mar de pensamentos. Suas ideias eram uma nave à procura dum horizonte, que ás vezes não desejava navegar. Perdia os pensamentos como quem perde um guarda-chuva na saída do cinema, ou um lápis na mesa dum bar. Esquecia as ideias no banco da igreja, na esquina da rua, no balcão de casa, na árvore do parque, na loja de secos e molhados. Não se importava: Quem as encontre se beneficiará! Recordei quando vivia com a mente focada na relatividade da existência. Ela intuía o tempo como uma variável no espaço curvo da memoria, e à vida como uma simples dimensão dessa variável. Lembrei-me dela na porta da casa de Albert. Ouvi-a tocar a campainha. Já tinha ido embora quando ele abriu. Livres, as ideias saltitavam no capacho. Ele correu para devolvê-las. Não a achou. Esvaecera-se.
| Yolanda Serrano Meana |
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