Trancou o portão e atravessou a avenida. O sol dormitava preguiçoso, em sua cama de nuvens. A rua era toda dela. Caminhou pela orla da praia, de uma ponta à outra, até cansar. Pessoas a caminho do trabalho olhavam-na, às vezes voltavam o rosto, às vezes riam. Ela não percebia nada, os olhos fixos no mar. Aproximou-se à beira d’água, sentou-se sobre os joelhos e tatuou seu nome na areia: Nádia. Intuiu que a caricia das ondas iriam apagando-o, letra a letra, até desaparecer. Percebeu que o alaranjado horizonte também admirava, como ela, a dança inventada pelo vento para arrancar ondas da superfície, e teve ciúmes. Fechou os olhos para sentir o perfume do iodo e do sal na pele; para deixar-se abraçar pelas mesmas ondas que haviam apagado seu nome; para sorver com fruição seus gritinhos felizes de espuma. Abaixo a paz, acima o caos, diziam-lhe as gaivotas. E lá estava ela, na praia, com seu vestido de noiva, desejando que o mar a tirasse, por fim, pra dançar.
| Yolanda Serrano Meana |
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