Esperava o amor como quem aguarda a primavera. Vestida de inverno, permanecia parada numa esquina qualquer nas noites sem luar. Era pálida, de sorriso cálido, e tinha alguma coisa triste no olhar. Às vezes caminhava devagar sobre os paralelepípedos, às vezes saltitava ou os pulava de dois em dois. Tinha o cabelo escuro e macio como a asa de um corvo, a pele translúcida, os olhos esverdeados e distantes, a boca vermelha. Mas a sua maior qualidade, aquela que verdadeiramente a definia como pessoa, era esperar. E esperou, sem deixar-se abater pelo desalento. Esperou, até que uma noite viu-o atravessar a rua pelo passo de pedestres, e caminhar pela calçada oposta à dela. Era ele sim, disso tinha certeza. Porém, ele não a viu. Caminhava rápido, com passos acelerados, sem olhar para trás. Pior ainda, ela percebeu que não ia vê-la. Por uns segundos, deixou o tempo correr. Depois quem correu foi ela.
Últimos posts por Yolanda S. Meana (exibir todos)