Caminhava afobada, os olhos quase a sair das orbitas. Seu rosto era a máscara do medo. Ainda assim, percebi que tentava se controlar. Olhava para trás com dissimulo, e apertava o passo. Num certo momento, e como impelida por uma mola, começou a correr. Uma sombra seguia suas pisadas. Saiu do parque por uma rua lateral. As árvores balançaram as ramas, e ela conteve um gemido. A sombra corria atrás. Na luz dum farol, diminuiu o passo, e olhou por cima do ombro. A sombra perseguia-a. Acelerou, atravessou avenidas, cruzou ruas solitárias. A lua no alto e a sombra atrás, no encalço. Sentia-se acossada, a ponto de desistir. O zelador abriu-lhe o portal. Já em casa, trancou as janelas e desligou a chave geral da luz. A escuridão não tem sombra, pensou.
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