Nasceu coadjuvante, faz a vez de figurante, quase sempre. É responsável por entregar a deixa, que foi eleito, na miúda, aquele que o faz com a maior sutileza. Passa despercebido, mesmo quando entregador de deixa de virada importante da trama. É assim que funciona a sua vida de coadjuvante. Passa pelas pessoas, enquanto a vida reage a ele como se fosse dispensável escrever um grande enredo em sua homenagem. Coadjuvante do cachê mísero, do silêncio pungente, da presença necessária. Colaborador do destino alheio, que sempre influencia e colabora com a existência do outro, mas sem se fazer perceber o suficiente para ser considerado importante. Aliás, nem se atreva a pensar que ele não merece tal consideração. O destino, certamente, há de lamentar não ter prestado atenção a ele como deveria. Também não o julgue, porque ele não é pessoa que faz nada e espera tudo como recompensa. Ele ser coadjuvante, até na própria história, tem garantido a muitos serem atores principais em suas biografias.
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