Localizada no Palácio Apostólico (residência oficial do Papa) no Vaticano, a Capela Sistina foi construída entre os anos de 1475 e 1483 e é conhecida por ser decorada com afrescos pintados por grandes artistas da Renascença.
O afresco é uma técnica de pintura mural, em paredes ou tetos de gesso, que consiste em aplicar cores diluídas em água sobre um revestimento de argamassa ainda fresco, de modo a facilitar o embebimento da tinta.
Local onde ocorrem os conclaves (reunião em clausura), nos quais os cardeais da Igreja Católica elegem o Papa, o nome Capela Sistina – grafado em italiano como Cappella Sistina -, faz referência ao Papa Sisto IV que, entre os anos de 1477 e 1480, foi responsável pela restauração da Capela Magna, capela medieval demolida da qual foram utilizados os alicerces para sua construção.
O projeto foi elaborado pelo arquiteto e escultor italiano Baccio Pontelli: possui um formato retangular com 40,9 metros de comprimento, 13,4 metros de largura e 20,7 metros de altura e, internamente, as paredes laterais e o teto da capela são decorados com diversos afrescos, que retratam o Velho e o Novo Testamento, sendo as pinturas mais famosas do artista renascentista italiano Michelangelo Buonarotti – principalmente as que retratam o Juízo Final. Mas há também pinturas de Botticelli, Cosimo Rosselli, Perugino, Ghirlandaio, Signorelli, entre outros.
Um dos atributos mais notáveis da Capela Sistina é o seu teto, que foi pintado por Michelangelo. O artista demorou quatro anos para terminar este trabalho, que é um dos mais importantes da História da Arte. Apesar disso, Michelangelo teve grande dificuldade para a realização da obra – trabalhava em cima de um andaime de 16 metros de altura, deitado e pintando sobre sua cabeça, o que fazia com que a tinta pingasse em seu rosto o tempo todo.
As pinturas foram separadas por tempo: na parede esquerda, a partir do altar, são encontradas pinturas que retratam cenas do Velho Testamento. Entre elas, estão “Moisés a caminho do Egito e a circuncisão de seus filhos”, de Pinturicchio, “Cenas da Vida de Moisés” e “A Punição de Korah, Natan e Abiram”, obras de Botticelli, “Passagem do Mar Vermelho” e “Moisés no Monte Sinai e a Adoração do Bezerro de Ouro”, ambas de Cosimo Rosselli e “A Morte de Moisés”, feita por Lucas Signorelli.
Na parte direita estão obras que simbolizam o Novo Testamento: “O Batismo de Jesus”, criado por Pinturicchio, “Tentação de Cristo e a Purificação do Leproso”, por Botticelli, “Vocação dos Apóstolos”, de Ghirlandaio, “Sermão da Montanha” e “A Última Ceia”, obras de Rosselli e “A Entrega das Chaves a São Pedro”, de Perugino.
Nas décadas de 1960 e 1970, a capela passou por um processo de restauração, principalmente nos afrescos.
Como Michelangelo pintou o teto da Capela Sistina?
Michelangelo utilizou uma técnica chamada afresco, um procedimento antigo que resiste bem ao tempo. Antes de receber a tinta, a superfície é preparada com uma argamassa de cal queimada e areia umedecida (daí a origem do nome). Ela seca rápido, o que exige pinceladas precisas e bem planejadas. Como esse tipo de trabalho demanda extrema precisão, antes de começar o italiano teve de estudar bastante quais imagens planejava recriar.
A tarefa completa levou quatro anos – de 1508 a 1512 – e tornou-se uma das mais importantes obras-primas da história, sendo hoje uma das maiores atrações do Vaticano.
O que pouca gente sabe é que, a princípio, Michelangelo negou-se ao trabalho. Primeiro, porque considerava a pintura uma arte inferior – ele gostava mesmo era de esculpir. Segundo porque não se dava bem com o papa Júlio II, que fez a encomenda: em 1505, ele se envolveu com a construção de um túmulo papal e ficou oito meses na cidade de Carrara, famosa por seus mármores, selecionando pedras para a obra. Só que outro escultor, Bramante (1444-1514) caiu nas graças da Igreja e assumiu o projeto.
Michelangelo acabou aceitando o ofício de decorar a Sistina para provar a todos do que era capaz. A extensão do teto era tão impressionante, que Ascanio Condivi, aprendiz e biógrafo de Michelangelo, chegou a escrever que o convite para a tarefa havia sido feito por rivais de seu mestre – que torciam, claro, para que ele não conseguisse cumprir a missão.
Michelangelo pintou, praticamente sozinho, 680 m² em quatro anos. Mas quando chegou, a Capela Sistina já tinha pinturas feitas por outros grandes nomes da época, realizadas entre 1481 e 1483. Com seus retratos bíblicos, ele cobriu um céu estrelado assinado por Píer Matteo d’Almelia.
Um dos toques de genialidade de Michelangelo foi decidir cobrir o teto da capela com uma única composição de várias cenas do Antigo Testamento da Bíblia. Estão lá a criação do homem, a expulsão do Jardim do Éden e o dilúvio.
Às vezes, o artista trabalhava deitado. Mas, na maior parte do tempo, ficava de pé olhando para cima, o que lhe rendeu muitas dores. Ainda assim, Michelangelo recusou ajuda na pintura. Aceitou pouquíssimos aprendizes, que faziam toda a parte “burocrática”: montavam andaimes, preparavam pigmentos, limpavam pincéis e ampliavam os originais que o gênio desenhava em menor escala.
Meses após o serviço, tinha dificuldade em baixar a cabeça para ler – precisava colocar o texto acima dos olhos.
MICHELANGELO
Michelangelo Buonarroti nasceu na pequena cidade de Caprese em 1475. Filho de um administrador governamental, cresceu em Florença, centro dos primórdios do movimento renascentista, e tornou-se aprendiz nas artes plásticas e escultura aos 13 anos. Demonstrando enorme talento, foi trazido aos cuidados de seu mecenas – o influente Lorenzo de Médici, chefe da república florentina e grande patrocinador das artes. Depois de demonstrar sua genialidade como escultor em obras como Pietá (1498), por muitos considerada a mais bela e perfeita escultura jamais talhada, e David (1504), foi chamado a Roma em 1508 para pintar a abóboda da Capela Sistina, o lugar mais nobre e consagrado do Museu do Vaticano.
O afresco de teto épico de Michelangelo está entre suas obras mais memoráveis. No centro de um complexo sistema de decoração estão numerosas figures em nove distintos painéis dedicados à história bíblica do mundo. Sua mais famosa composição é A Criação de Adão, uma pintura em que os braços de Deus e de Adão apontam um para o outro. Michelangelo completou a obra em 1512, tendo trabalhado sobre andaimes e deitado por muito tempo, demonstrando inacreditável domínio sobre espaços, proporções e dimensões.
Após 15 anos como arquiteto em Florença, Michelangelo retornou a Roma em 1534, onde trabalhou e viveu até o fim da vida. Nesse ano pintou outra obra-prima, O Juízo Final, sobre a parede acima do altar da Capela Sistina, dedicando-a ao papa de então – Paulo III.
A representação de mais de 400 personagens – todas nus – provocou vivas críticas. Algumas delas seriam “vestidas” em 1566. Ademais, é tida como uma obra-prima dos primórdios do Maneirismo, estilo e movimento artísticos de retomada de expressões da cultura medieval que constituíram manifesta reação contra os valores clássicos prestigiados pelo humanismo renascentista, caracterizado pela concentração numa nova mentalidade.
O estilo levou à procura de efeitos bizarros que já apontam para a arte moderna, como o alongamento das figuras humanas. O mural representa a danação de Cristo aos pecadores e a benção aos virtuosos. Medindo cerca de 13 metros de altura por 12 de largura, esta obra proporciona uma visão dramática e dolorosa do juízo final e rompe assim com a tradição.
Michelangelo trabalhou até seus derradeiros dias em 1564 aos 88 anos. Além dessas grandes obras, produziu numerosas outras esculturas, afrescos, desenhos arquitetônicos, muitos dos quais inacabados, e outros tantos perdidos.
Foi celebrado em vida como o maior artista de seu tempo e hoje é considerado como um dos grandes artistas de todos os tempos, exaltado nas artes visuais como o é William Shakespeare na literatura e Ludwig van Beethoven na música.
Sua obra gigantesca foi inaugurada em Roma e aberta ao público pela primeira vez em 1º de novembro de 1512. Os críticos e os assistentes postaram-se pasmados diante de tal grandeza. O afresco que decora a abóboda da Capela Sistina mede 40 metros de comprimento e 13 metros de largura.
O teto da Capela Sistina no Vaticano é uma das mais belas obras do genial pintor e escultor, o maior dos artistas da Renascença Italiana.
Atualmente, sete mil lâmpadas iluminam as pinturas de Michelangelo: seu trabalho ficou para a posteridade como um legado de importância inimaginável – até para ele.
Não deixe de visitar se for a Roma.
Veja aqui a Capela Sistina em 3D
Fontes: Jen Green | Opera Mundi | Instituto Camões | Wikipedia
- O AMOR ACABA - 15/12/2023
- MAURA LOPES CANÇADO – O QUADRADO DE JOANA - 23/04/2023
- O MANIFESTO: “DOMINGO A GENTE FAZ UM PAÍS.” - 22/10/2022