Oi, tudo bem? Uma revista de credibilidade duvidosa resolveu colocar como perfeita e ideal a mulher que é bela, recatada e do lar. Fui ler a matéria e me senti lendo a Revista Cláudia dos anos 90. Ou a Marie Claire. Ou qualquer outra que trouxesse na capa: saiba o que o homem gosta e não gosta na mulher.
Anos tentando mudar as coisas, e em pleno 2016 o povo insiste em voltar pros anos 40/50. Olha, se a você não incomodou, das duas uma: ou você é um homem que não enxerga opressão na mulher ou você é uma mulher que não sofre opressão por já ser como a sociedade afirma ser ideal.
Indiscutivelmente, os universos masculino e feminino são diferentes. Durante anos somos bombardeadas com reportagens tipo “como agradar seu homem”, “o que o homem gosta”, “dez comportamentos que todo homem odeia”. A vida inteira somos levadas a crer que precisamos nos moldar para uma sociedade, que temos comportamentos e vontades padrões, e tudo que fuja disso é vulgar.
Então, quando a gente vê alguma mídia enaltecendo a mulher restrita, submissa, troféu, comedida, controlada, contida, coberta por recato, a gente reclama mesmo. Porque ser mulher é foda.
Minha mãe me ensinou a ser dona de casa, a cuidar de quem estiver ao meu lado, ao mesmo tempo em que eu teria que ser independente e estudada. Quais posturas tomar. A quem respeitar quando tomar minhas escolhas. Mas eu defendo o direito de a mulher ser o que ela quiser, e o que ela quiser ser não pode colocá-la como inferior a qualquer outra mulher. Não ficou claro?
A bonitinha high society de salto alto, blusa de cetim e sainha, que se faz de difícil porque “é errado transar no primeiro encontro” por mais que tenha vontade, não é melhor que a mulher que vai a festas, transa com quem quer, bebe e fala palavrão. Ambas têm seu valor. A mulher deveria ter direito de escolher como viver sua vida e, pasmem, ninguém tem nada com isso.
Se você nunca foi julgada por ser diferente das CNTPs sociais, por favor, não deslegitime o movimento. Tatuada, falo palavrão, gíria, saio, bebo em casa mesmo, desisti de cozinhar tem um tempo.
E você, acredite, você não tem direito nenhum de me julgar por isso.
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