Era isso que aconteceria nos dias seguintes – e isso era só o começo, ela sabia. Noites mal dormidas, angústia escancarada, choro convulsivo. Falta de apetite, de entusiasmo, de desejos. Banhos demorados e lágrimas correntes. Dali em diante, solidão e vazio, lembranças tortas, perguntas sem respostas, impotência. Um tanto de raiva, nó na garganta, desespero mudo. Pela casa, fotografias partidas, espaço no armário, detalhes contando o fim do que seria pra sempre. A cama espaçosa e fria. Pesadelos, vãos e fendas. Silêncio, mas não quietude: internamente, um barulho ensurdecedor. Depois, o amor congelado. De volta a fome, a alegria, o riso. O cabelo mais curto, mais claro, a pele mais jovem, de novo os olhos brilhantes. Dias calmos e outros nem tanto. De vez em quando, uma recordação, um flash, quase um sonho. Especulação: o que teria sido? Liberdade é o que é. Às vezes, um pouco de saudade. Alguma paz, quem sabe esperança. Mas nunca mais entrega: dali pra frente, só paixão.
| Débora Böttcher |
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