Ela dispensou a mão que a mãe, carinhosamente, ofereceu. Atravessaram, sem mãos dadas, a rua. Aquele ato fez a mãe desabar dentro de si. Nos últimos dias, a menina, que nem doze anos tinha ainda, já se negava a dormir com a mãe, a pedir ajuda no banho, a convidá-la para passear e agora nem andar de mãos dadas queria mais. Não demoraria muito para que a filha largasse os brinquedos,escolhesse as próprias roupas e saísse sem dar motivos… Já que nem ajuda precisava para atravessar uma rua. Esse pensamento fez a visão da mãe, sem querer, embaçar, cheia de lágrimas. Ela não sabia prever qual seria a próxima oportunidade que teria para andar de mãos dadas com sua pequenina garota. Talvez na sua velhice, quando fosse ela quem não pudesse caminhar sozinha. E, além disso, quando a filha voltasse a se importar com aquele simples ato de dar as mãos.
- PASSARINHADO - 05/05/2015
- TERROR PSICOLÓGICO - 01/02/2015
- SEM MÃOS DADAS - 25/01/2015