Ela não acata ironia, nem assimila a raiva. Ignora (e detesta) comportamentos passionais e não tem nenhuma pressa. Se alguém lhe vem com palavras tortas, encerra o assunto – perdeu o hábito do revide, mesmo que se aborreça. Faz questão de ser clara, mas também não se envolve mais em discussões: quando vê que o caldo pode entornar, deixa o dito pelo não dito. Outro dia, deu um sorriso e as costas a um rapaz que, na fila do supermercado, esbravejava: achou que ela empacotava suas compras lentamente demais. Quem é que dita o tempo das coisas? Daí alguém lhe disse que devia estar perto da Morte, discorrendo sobre sua conduta: descolamento emocional, daquele tipo que prepara o salto à próxima dimensão. Ela não gostou, não respondeu nem questionou, mas pegou-se pensativa e de vez em quando tem sobressaltos: será mesmo que a Morte a espreita? Um surto, qualquer dia desses, cairá bem pra espantar o agouro e sacudir a Vida.
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