Verdade que tudo sempre fora pouco por ali. Não havia recurso algum para quem quisesse algo mais. Eram muitos meninos que andavam descalços, se dedicavam a pesca, a roça, só alguns aprendiam a ler com muito custo. Seriam o que na vida? Pescadores, donas de casa, plantadores de qualquer coisa. Seriam quase ninguém. De vez em quando vinha alguém da cidade grande trazendo novidade, tudo vinha devagar no ritmo do rio. Era o que tinham. O tempo fora dali era outro, poucos entendiam. Mas por vezes nascia um inquieto, que não se conformava com o vai e vem do rio, juntava tudo que tinha e embarcava para uma aventura longe dali. O desejo de quem ficava era sempre o de uma boa sorte, misturado algumas vezes com inveja, outras com medo e, dependendo de quem fosse, ficava ali um coração partido.
| Andrea Bianchi |
Carlos Hollanda |
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