Você certamente já ouviu falar da teoria do caos – aquela sequencia de eventos que isoladamente não tem nenhum significado, mas que pode trazer consequências enormes no futuro – pro bem ou pro mal.
Uma pequenina mudança que transforma tudo. Algo como aquela vez que você deixou uma janela aberta e não voltou pra dormir em casa. Parece uma ocorrência absolutamente sem qualquer importância e só depois – às vezes muito depois – você descobre que isso, esse detalhe mínimo, mudou o rumo da (sua) história.
É aquele telefonema que você não atendeu porque já estava na porta. Aquela viagem que você fez – ou não fez. Aquela conversa que você não quis ter. Aquela traição que se recusou a perdoar – justamente até. Ou perdoou. Aquela mudança de cidade, o abandono daquele emprego, aquela palavra torta. A porta aberta – ou fechada. Aquela vez que você bebeu demais e insistiu em dirigir. Aquele vôo que você perdeu.
Sabe aquela vez que você deu as costas sem querer ouvir explicações? Aquela vez que resolveu velejar num barco velho, subir numa árvore, abrir um bar, saltar de paraquedas, fazer uma trilha no Chile. Quando, já de saída, voltou para trocar o brinco, a blusa, a fivela do cabelo. Quando mudou o caminho…
Na maioria dos nossos dias, a teoria do caos passa despercebida – é aquela borboleta pousada num galho de flor, a coisa mais natural do mundo. Só quando se vivencia um evento relevante – de acordo com a avaliação de cada um -, a gente liga os pontos, e percebe que o segundo a mais, o minuto a menos, as decisões simples ou complexas, fizeram toda diferença no resultado final.
Então um monte de ‘ses’ nos assolam, intrigam, incomodam, e irremediavelmente nos arrebatam: não tinha como ser diferente. Naquele instante antes da teoria do caos ser acionada, nada poderia ser mudado. Essa constatação, entretanto, dependendo da circunstãncia, raramente nos consola.
O filme “O Curioso Caso de Benjamin Button” tem uma cena que prova a teoria do caos. Ele também nos deixa uma mensagem subliminar: “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás. Mas só pode ser vivida olhando-se para frente.”
Muitas coisas a gente só sabe depois dos 40. Uma delas é que viver é muito caótico.
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