“A gente precisa de máscara pra continuar [r]existindo”, escreveu Luciana Bugni.
E vacina.
A pandemia e o excesso de trabalho me roubaram a inspiração. Pessimista por natureza, eu hoje vejo pouca beleza no mundo.
Ainda observo as flores, o céu avermelhado, a doçura das minhas labradoras. O mundo está estreito – a gente tenta enxergar o horizonte entre quatro paredes; eu me salvo por uma nesga de jardim que insiste em florescer – as estações ignoram o caos.
Mas eu não tenho essa resiliência e penso nos dois anos de vida perdida em que tentei sobreviver suspensa no teto dessa realidade dura com alguma sanidade: vendo gente morrer, sentindo aquele aperto no peito por gente conhecida, famosa ou de quem nunca ouvi falar. Sentindo a dor de quem sobrevive a alguém querido que não resistiu. Sentindo medo por aqueles que seguem o discurso da “gripezinha” – e convivendo di-a-ri-a-men-te com o horror de quem prega essa mentira.
Eu acordo todos os dias cansada. E logo eu, que sempre adorei dormir no fim da tarde, me pego sem parâmetro das horas – que dia é mesmo hoje? Na soma dos meses, o Natal está logo ali. De novo e a gente nem sabe se vai estar vivo pra virar mais um ano incerto.
Falo pouco e tento me livrar de gente chata, pensando que, de fato, a chata sou eu – que não aguenta mais áudio longo – nem 15 áudios curtos em sequência (quem faz isso pensa o que?) -, live, e conversa sem sentido.
Eu quero ficar em silêncio – sofro de hipersensibilidade auditiva. E de saudade antecipada, humor híbrido e pouca paciência.
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