Quando li a notícia de que o filme brasileiro, “Que Horas Ela Volta?” seria o indicado ao Oscar pelo Brasil, dei por certo que tínhamos pouquíssima chance – a menos que fosse olhado totalmente como ficção. Filmes que são como uma crônica social tem bom apelo, mas isso será suficiente?
A submissão que se nota nas relações do trabalho doméstico não é exclusividade brasileira, mas aqui, onde se fala tanto em ‘igualdade social’, é fato: a realidade anda na contra-mão.
Tenho lido excelentes críticas sobre a atuação de Regina Casé – atriz e apresentadora com quem não simpatizo nem um pouco -, mas o que me incomodou mesmo foi a trama. O Fantástico, como escreveu Roberto Calil em sua coluna hoje, tentou inverter a real imagem do filme, mas acho que não funcionou.
“Que horas ela volta?” é um retrato terrível de um País que bate panelas, mas precisa de outras mãos para pegar sua água, lavar sua louça, arrumar sua casa, preparar sua comida. Será que Anna Muylaert quer cutucar a classe média/alta/altíssima?
“Que horas ela volta?” é um soco no estômago que nos incita a reflexões sobre os limites da subserviência x intimidade das relações trabalhistas. Quais são as linhas que as demarcam?
Mas ser levado para as críticas do mundo, talvez seja de serventia para que os que querem viver em Miami entendam que o salto para um País melhor e mais civilizado, requer a revisão de algumas mordomias – e é bom estar preparado em caso de insistir na idéia.
O artigo da jornalista Nina Lemos, para a revista TPM, dá uma palhinha de como o mundo vê essa nossa cultura.
Berlim – e o mundo – mandam avisar…
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