Depois de dois anos frustrantes na tentativa do casal engravidar, ele foi ao médico. Os exames garantiram esterilidade congênita. Ele alegou que já tinha um filho: o silêncio que se instalou pela sala tinha um peso e uma dor que lhe dilaceravam o peito. Ainda assim, quis tirar a prova: o DNA exterminou de vez dúvidas e esperanças. Em casa, confrontou a mulher: ela chorou, negou – em vão. Enquanto fazia as malas, avisou que o menino ia saber que não era seu pai biológico – mas sempre seria seu pai. Num rompante, ela revelou o caso furtivo, rápido, sem importância, com seu irmão mais velho. O abismo que se abriu ao redor deles tinha nome, sobrenome, rosto e parentesco. Só não tinha fundo ou saída – nem volta.
- “ALIKE” – PARA QUE EDUCAMOS AS CRIANÇAS? - 22/05/2024
- UM ANO SEM LUNA - 15/05/2024
- A “ONDA” DA COMUNICAÇÃO INTUITIVA - 01/05/2024