A falta de pontualidade é um pecado sem testemunha, já que o atrasado nunca está presente. Ela o esperava há mais de um quarto de hora, a impaciência silenciosa questionando porque ainda permanecia ali, buscando em cada rosto que transpassava a porta do pequeno Café, o sorriso amarelo daquele que não se afinava a horários e sempre chegava pálido e ofegante. A mente dela concebia uma única explicação: alguém o abandonara na infância – não era comum que um homem não conseguisse atrelar à sua vida o compasso das horas. Foi então que um rapaz gentil, de olhos brilhantes e cabelos desalinhados, aproximou-se de sua mesa, tocou-lhe levemente o braço, e ela se viu quase rindo de alguma brincadeira jovial na voz calma e tranquila que se dirigia a ela. Logo depois tomavam café, conversando como alegres velhos conhecidos que se reencontram numa tarde fria e casual. E foi sem surpresa que ela sentiu-se tão confortável, que finalmente compreendeu todos os atrasos e abandonos a que fora submetida.
| Debora Böttcher |
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