Ana se casou aos vinte anos com um rapaz tão jovem quanto ela, mas que morreu num acidente um ano e meio depois. Refeita do susto e do luto, após dez anos ela se casou de novo e, dessa vez, o marido tinha vinte anos a mais, dois casamentos anteriores, cinco filhos e, aos quarenta e cinco anos, ela tem quatro netos herdados que ama como se lhe fossem legítimos. Um dos gêmeos de seis anos, numa tarde de farra e pipoca em casa, está a minimizar a curiosidade dos amiguinhos diante do aparador da sala repleto de fotografias: aqui a tia, ali a avó materna, o tio que vive nos EUA, os primos, outra tia, os pais, mais um tio e, numa foto grande, o avô e Ana. Orgulhoso, ele pega o porta-retratos nas mãos e anuncia: “Esse é meu avô!” Todas as crianças olham em direção àquele súbito entusiasmo e uma delas questiona: “E essa junto com ele, é sua avó?” Ele vira o porta-retratos, encara-o com seriedade e pensa um pouco. Então explica: “Essa… Essa é minha Ana.” | Débora Böttcher |
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