Ele tinha inventado uma história. Talvez fosse seu único jeito para chamar atenção, ou achava sua história de verdade sem graça. Ela não tinha certeza se acreditava ou desconfiava. Na verdade precisava acreditar. Era como um sopro naquele calor dos infernos. Era uma flor no jardim mal cuidado. Era uma luz de vagalume. Quando ele era menino tinha sofrido e ela também, coisas da vida de criança que ficam gravadas no peito. As marcas não eram as mesmas e ganharam formas diferente nele e nela. O silêncio das vidas de cada um correndo em paralelo dava o que pensar. Não era bem o que disseram e sim o que nunca tiveram chance de dizer. Daí a história acabou para ele, mas para ela ficou incompleta. História maluca, sem pé nem cabeça. Subiu a rua pensando que precisava esquecer de perguntar por ele por aí ou de esperar o abraço de despedida. Algumas peças não foram feitas para se encaixar.
| Andrea Bianchi |
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