Aos oito anos está desconfiado de que Papai Noel não existe. Enquanto ajuda a mãe a enfeitar a árvore e organizar o presépio, questiona a existência do ‘bom velhinho’. Ela desconversa e ele supõe que seja por causa da irmã mais nova, que estirada no chão, escreve sua cartinha de desejos – apesar do pânico a que foi acometida no último passeio ao shopping quando, distraída, deu de cara com um exemplar do modelo natalino num dos corredores, corpulento e barbudo demais para sua pouca estatura. Ele insiste no assunto e observa, pelo canto dos olhos, a mãe silenciosa e pensativa. E ante a ausência de respostas, mesmo ponderando intimamente sobre o risco de perder o direito a presentes, vai desfilando suas conclusões, feliz com sua perspicácia. Sem saída – e não sem tristeza -, ela não vê alternativa senão validar sua descoberta, e tomando-o nos braços ternamente começa a despedir-se de sua inocência.
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