Mãe amorosa de quatro filhos, sem manual de instrução como é próprio da maternidade, ela fez o que parecia mais certo ante tão árdua tarefa e até já se orgulhou de seus feitos. Mas agora, do alto de sua terceira idade, sempre que os olha tem a sensação de ter criado quatro estranhos. Onde andará aquela menina de cabelos cacheados e riso maroto? E aquele rapazinho que amava Tênis e Futebol e tinha os olhos mais sonhadores do mundo? Cadê aquela menininha tímida que devorava livros através de seus óculos de aros vermelhos? E em que lugar se esconde aquele que lhe corria aos braços, sempre sedento de um beijo, o mais terno e amoroso de todos? Ela se perde entre fotografias antigas e passa as mãos sobre cada rostinho com tanta saudade que tem a impressão de que eles nem existem. Adultos e ocupados com a pressa da vida, telefonemas e visitas são artigos de luxo. E ser Mãe, que dizem ser uma escolha tão doce, de repente tem o amargo gosto do fel – e uma ponta triste de desilusão.
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