Sempre ouvia, quase em tom de ameaça, que um dia, quando estivesse em perigo ou à beira da morte, ia clamar por ajuda e salvação. E ela, que desde a adolescência havia perdido o elo com qualquer crença, sempre se espantou com aqueles que rezavam para o Futebol, para um ente querido em fase terminal, para o filho acidentado, pela busca por um emprego, até para encontrar ou conservar um amor – que fosse bom e eterno, obviamente. Observava sem compreender o que esperavam que lhes viesse dos céus aqueles que se ajoelhavam em contrição e promessas, em dedicação quase absurda ao que, desde que o raciocínio lhe caíra, ela entendeu tão sem sentido. E foi naquela madrugada, quando acordou com o peito com uma dor lancinante, enjoada e sem poder respirar, que, despedindo-se da vida, se deu conta de que sua falta de fé era ainda mais profunda do que imaginava…
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