HIPERBREVES

ENCONTROS

Passaram os anos e um dia ele voltou. Não trazia muito além da marca dos anos. Continuava bonito, charme que resistia ao tempo. Para ela foi como uma rajada de vento. Estranho que se sentisse compelida a fugir. Talvez lembrasse as noites frias e de lágrimas: ele não foi embora porque ela quisesse, mas sua presença sempre lhe fez muito mal. Alguns encontros são assim, feitos para sofrer. Entendia agora que a felicidade aconteceu algumas vezes em outros abraços e que outros encontros foram especiais. O que havia construído sem ele era muito bom – a casa arejada, os gatos, o jardim. Sua solidão lhe caía tão bem quanto o vestido que usava. Muitos cabelos brancos escurecidos pela tintura, mais curvas do que no passado, ainda jovem para não precisar de ninguém. Ofereceu-lhe café e perguntou como estava. Ele a olhou nos olhos e sorriu com a felicidade de quem se certifica que fez a coisa certa e ali estava alguém que nada mais poderia lhe dar além de uma xícara de café e algumas lembranças.
Andréa Bianchi
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Não estou pronta ainda, todos os dias alguma coisa muda em mim... Vivo no Rio de Janeiro.