Foi nesse momento que ela o viu: durante uma inflamada discussão com o maitrê do pequeno café em que tentava entrar, mas cujo acesso ele travava com a cadeira de rodas. O rapaz, gentil, dizia compreender a indignação, dava-lhe razão, mas explicava que a porta giratória e o degrau que a antecedia não serviam à passagem, e uma das mesas na calçada podia acomodá-lo com conforto. Ele continuava aos brados e não arredava as rodas do lugar. Ela esperava calmamente. Então houve um repentino silêncio: os olhos de ambos se encontraram, castanhos e azuis. Sorriram. E com um movimento delicado, para surpresa da fila que se formava, ela empurrou a cadeira, sentou-se junto a ele sob o sol da tarde iluminada, e o que até então era desconforto e solidão, marcou o início de uma nova história.
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