Não era um dia comum: em pleno inverno, o sol estava azul e a temperatura beirava os 30°C. Parecia verão em todo lugar, menos dentro dele – a saudade do que nem vai acontecer pulsava. O calor dominava a cidade, mas dentro dele o deserto era gelado, já não havia fé para aquecê-lo. Então ela apareceu… Meio que por acaso, meio que de propósito, com seus cabelos ruivos ao vento. Ela, com o sorriso fácil e os olhos da cor do mar. Não era oblíqua, nem dissimulada, e fez a segunda-feira parecer sábado, julho parecer janeiro, inverno ser verão. Ele, antes tão cinzento, encheu-se de cor e sorriu. No dia seguinte, já com o frio típico de inverno, ele se pintou do vermelho mais feliz e saiu. Pela primeira vez, depois de longos quarenta meses, ele se viu disposto a repetir seu dia só para vê-la. Queria encontrá-la: seus olhos cor de mar trouxeram vida para a sua alma.
| Catharina Melo |
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