A demissão do Ministro da Educação, Cid Gomes – que não foi a melhor escolha do Governo -, acendeu a esperança de que a pauta poderá ser dirigida por alguém mais consciente e preparado para a realidade educacional do País que, apesar dos avanços, ainda tem muitas falhas.
Após 18 anos de elaboração, em 2009 entraram em vigor as regras de acentuação do novo acordo ortográfico e acentos como o trema – esse que consta no meu sobrenome – foram extintos da língua – com exceção a nomes estrangeiros e seus derivados. Mas isso não é relevante – é só uma observação. Importante é considerar que crianças do país inteiro estão sendo alfabetizadas erradamente, no meu entender.
Em 2011, a frase “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado.”, gerou discussões na sociedade – mas não o suficiente, na minha opinião. Ela faz parte do livro de PORTUGUÊS, “Por uma Vida Melhor” (!), distribuído pelo Ministério da Educação (MEC), onde uma das autoras, Heloísa Ramos, afirmou que intenção da obra era deixar o aluno acostumado com linguagem popular à vontade e não ensinar errado.
Distribuído para quase meio milhão de alunos, ela também defendeu que a maneira como as pessoas usam a língua devia ser deixada de ser classificada como certa ou errada e passar a ser considerada adequada ou inadequada, dependendo da situação. E arrematava ao citar a frase acima: “Na variedade popular, basta que a palavra ‘os’ esteja no plural. A língua portuguesa admite esta construção”.
Mas qual é o objetivo da Educação? Entendo que o maior atributo da escola seja ENSINAR a criança (adulto ou adolescente analfabeto) a ler, escrever e falar CORRETAMENTE, e penso que não se pode defender nem promover um ensino plural, como alega Heloísa Ramos, sob o pretexto de que isso estimula a formação de cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade.
Não existe flexibilidade, sob o prisma de fazer concordâncias erradas, para a língua materna de um país. Existem, sim, dialetos regionais que devem ser considerados – no mundo todo é assim. Mas não se pode, sob nenhum argumento, ensinar alguém a ler, escrever ou falar errado sua própria língua.
Num país como o Brasil, que tem essa quantidade de analfabetos, a Educação precisa ser levada com mais seriedade. Mas a opinião pública, de linguistas e educadores, ‘grita’ pouco contra desatinos desse tipo. Muita gente brada por ter tido um Presidente semi-analfabeto, mas concorda que a Educação tome esse rumo. Muitos defendem que a função principal do Professor é preparar para a vida e alguns ainda questionam: “Para que aprendemos a gramática, se ninguém na nossa vida adulta vai nos questionar sobre o que é um substantivo?”. É provável que ninguém nos questione diretamente, mas vamos precisar saber, porque na vida, no cotidiano, em qualquer profissão, esse conhecimento nos será cobrado – leio muita gente formada que não consegue escrever um parágrafo sem erros gramaticais ou de concordância (não de digitação).
Esses que hoje são aprendizes da língua nos bancos escolares, serão os Jornalistas, Médicos, Advogados, Engenheiros, Professores, Presidentes, que darão voz e ação em nome do Brasil. São, também, pessoas-chave em eventos mundiais – como os cobradores de ônibus, funcionários de bilheterias de metrô, fiscais de trânsito, vendedores de ingressos. Você consegue imaginar uma nação sem dominar sua própria língua? Espero que não caminhemos para isso.
* Se você não viu ou não se lembra da matéria, assista ao vídeo.
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