HIPERBREVES

DESTINO

Um mercador de Bagdá mandou seu servo ao mercado comprar provisões. Pouco depois, o servo voltou, branco e trêmulo. Disse: “Mestre, agora mesmo, quando estava no mercado, fui empurrado por uma mulher no meio da multidão e ao me virar vi que fora a Morte quem me empurrara. Ela me olhou e fez um gesto ameaçador. Agora me empreste o seu cavalo, vou cavalgar para bem longe desta cidade, a fim de evitar meu destino. Irei a Samarra, lá a Morte certamente não me encontrará”. O mercador emprestou-lhe seu cavalo. O servo montou, enfiou as esporas nos flancos do animal e, tão rápido quanto este conseguia galopar, se foi. Então o mercador foi até o mercado, viu a Morte em pé no meio da multidão, seguiu até ela e disse: “Por que você fez um gesto ameaçador para o meu servo, quando o viu pela manhã?” “Não fiz nenhum gesto ameaçador”, respondeu a morte, “foi uma reação de pura surpresa. Fiquei atônita ao vê-lo, aqui, em Bagdá, já que tenho um encontro marcado com ele esta noite, em Samarra.”
|­­ W. Somerset Maugham |
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Garimpa Hiperbreves de autores famosos e consagrados.

Hiperbreves são contos curtos: uma forma narrativa, geralmente em terceira pessoa, caracterizada principalmente por sua extrema brevidade. Criado possivelmente pela literatura espanhola sob o nome de Microrrelatos / Micronarrativas, os textos devem atender a certos requisitos - geralmente, parágrafos únicos, de 140 a 1500 caracteres, narrados em terceira pessoa, cujo resultado final deve ser a capacidade de provocar interesse e surpresa ao leitor usando o mínimo de recursos.

No caso desse projeto, as histórias contadas devem ter, obrigatoriamente, até mil caracteres em parágrafo único - contando letras, espaços e pontuação -, narrados em terceira pessoa.