Ela chegou ao último degrau e se pôs na ponta dos pés a fim de lhe alcançar o rosto. Beijou-o. Ele ouviu o carro saindo da garagem, vagarosamente, e ficou escutando-o se afastar. Ela dirigia calmamente pelo caminho, as lágrimas lhe turvando a visão, mas isso não tinha importância, ela pensava, porque quase ninguém passava por aquela estrada àquela hora. Seus olhos azuis estavam opacos e ela estava pálida, branca, o cabelo embaraçado. A luz de um relâmpago iluminou a praia à esquerda e ela pode divisar o mar como se estivesse em plena luz do dia, desaparecendo em seguida no escuro. O horizonte piscou, prateado, mas não se ouviu trovão. Nenhum sinal de chuva… Olhou pelo retrovisor e sentiu-se imensamente triste: tudo ficava para trás – sua vida, seus sonhos, seu homem amado sumindo na escuridão. Quando olhou outra vez para frente, também a estrada havia desaparecido. Teve a impressão de estar caindo. Mas só por um segundo…
| Débora Böttcher |
Últimos posts por Débora Böttcher (exibir todos)
- “ALIKE” – PARA QUE EDUCAMOS AS CRIANÇAS? - 22/05/2024
- UM ANO SEM LUNA - 15/05/2024
- A “ONDA” DA COMUNICAÇÃO INTUITIVA - 01/05/2024