A poetisa carioca Denise Emmer, filha dos escritores Janete Clair e Dias Gomes, teve o primeiro livro publicado aos 15 anos. Agora, depois de dois anos sem escrever, lança seu 17º livro – “Poema cenário e outros silêncios”, pela Editora 7Letras. A obra reúne cerca de 40 poemas, dos quais três homenageiam seus pais.
O livro deriva de “Poema cenário”, publicado em 2013, com ilustrações – o que, para ela, interfere no texto. Assim, decidiu que ele seria o carro-chefe de um projeto maior, carregando seus ‘outros silêncios’.
Em entrevista ao Globo, ela diz: “A poesia chega para mim aos poucos. Não vem como cascata. Preciso estar sozinha. O meu processo de criação é muito solitário, e esse caminho, às vezes, é duro. Esses outros poemas que acompanham o “Cenário”, os “outros silêncios”, fazem referência aos demais momentos de que precisei para criá-los “.
Entre os poemas escolhidos estão o já citado Poema cenário, dedicado ao pai, o dramaturgo Dias Gomes. É ali que ela derrama a saudade e a tristeza por uma partida súbita, inesperada. Também está presente a dor pela ausência da mãe, a novelista Janete Clair, no poema A paz inútil. O único filho, Arthur, e o marido, Germano, também são homenageados com poemas na obra. “É natural entre os poetas criar poemas para algumas pessoas, você escreve sobre suas sensações, suas emoções, sobre o que você vê e vivencia. Não que a poesia seja um desabafo, mas reflete o interior, a alma do poeta”, diz, ao falar sobre sua forma de se expressar.
Alguns processos foram mais longos e mais dolorosos que outros, mas nem por isso deixaram de virar arte. Sua vertente é a da poesia lírica, onde descreve seus sentimentos, vida, amores, tragédias, mortos, decepções e solidões. O eu lírico da poetisa buscou também outras artes. E, como ela mesma diz, “todas têm seu tempo e exigem muito”.
Denise, que estuda violoncelo há aproximadamente 18 anos, define com propriedade o impacto que cada um de seus talentos pode ter sobre o público: “No caso da música, a emoção surpreende no momento em que ela está sendo executada, é direta. Já na literatura, de um modo geral, isso acontece de forma mais lenta. O próprio poema às vezes pede isso. Você tem que reler… interpretar as palavras.”
Sua poesia vem deste encanto com os vocábulos: “A escolha da palavra certa é essencial; o cuidado com a linguagem. Essa procura pela palavra é deliciosa; é isso o que dá prazer.”A autora, que estudou Física e Astronomia, diz que “sua paixão pelas ciências é romântica.”
E finaliza: “O (editor) Moacyr Felix dizia: “Vai ler os grandes poetas”. E eu fui: Cecília Meireles, Drummond, Manuel Bandeira e Augusto dos Anjos. Adoro a poesia do Augusto; ele não pertence a escola nenhuma, ele é ele. Tanto que seu único livro se chama “Eu”. Uma obra revolucionária.”
Fontes: O Globo e JB
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