A série “Coisa Mais Linda”, produção da Netflix, conta a saga das mulheres à frente do tempo que viviam na década de 50 e 60 – e deve dar um salto para os anos 70 e 80 na terceira temporada, prevista só para Setembro de 2021.
Muito além de Leila Diniz, que é precursora das mulheres “rebeldes” da época, a história dá vida aos conflitos interiores nos quais se viam aquelas que vislumbravam acima dos “muros” que lhes era permitido – e isso fica bem evidente nas espaçadas cenas de sexo, que primam menos pela nudez e mais para o prazer das mulheres que escolhem estar naquele ato.
A primeira temporada é marcada pela luta para se desvencilhar dos conceitos e amarras de uma sociedade conservadora que se impunha contra qualquer avanço feminino.
Já na segunda, a batalha por igualdade e justiça é tão árdua e o “jogo“ é tão desonesto, que não é surpresa quando essas mulheres fortes se veem pensando que a vida poderia ser mais fácil se se rendessem ao padrão imposto pelo patriarcado.
Deslizando das cenas comoventes e delicadas até as mais trágicas, retrata que as conquistas nunca foram permanentes e que essa liberdade que hoje nos é relativamente larga, só é possível porque muitas mulheres antes de nós nunca pararam de avançar e se impor – e que assim devemos permanecer não só para honrar o legado, mas também manter a glória e demarcar esse espaço para um mundo mais livre e justo para nossas filhas e netas.
O mais triste é ver que eventos como a violência doméstica, tanto tempo depois, ainda mantém seu viés de medo e suas características de impotência, e que mesmo agora nem sempre somos capazes de lidar com todas as implicações quando nos deparamos com uma mulher agredida, tomando as decisões mais acertadas, como denunciar o agressor e proteger a vítima.
Música, fotografia e cenários mostram o capricho da produção, mas ainda é desconcertante perceber que as diferenças entre homens e mulheres continuam latentes e como ainda somos uma sociedade machista.
Entretanto, há algum alívio: a evolução é lenta, mas não tem volta. Daqui pra frente, não tem mais retrocesso – e esse passado serve para nos lembrar disso.
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