Depois que ela fez as malas e fechou a porta atrás de si, ele sentou-se no sofá e ficou olhando o teto por pelo menos duas horas. Então fez um café. Da mesa da sala, contemplou os porta-retratos espalhados no aparador: fotos felizes de tempos remotos. Havia um silêncio que ensurdecia sua paz: os barulhos da última discussão, há três dias, ainda ecoavam e faziam estremecer todo seu corpo, dolorido de tensão. “Então, o amor também acaba…”, concluiu. Subiu as escadas, tomou um banho, perfumou-se. Deitado na cama agora imensa, ele fixou o olhar num ponto qualquer da parede. Acabou adormecido no cansaço das recentes noites insones, quando se perguntava o que viria a seguir, consciente de que o desfecho que se deu era quase certo: eles não tinham mais nada em comum. Durante a madrugada, ele incendiou a casa. Por dentro, ardia em chamas.
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