A melhor lembrança que tem do marido é o primeiro beijo. O que veio depois, nos anos todos que se seguiram, nunca deixou de ter importância, mas foi ali, naquele primeiro contato íntimo, que uma história começou a ser escrita. Naquela manhã em que ela decidira partir, o gosto desse beijo lhe entravava o caminho: as malas estavam prontas e ela ainda estava estancada na beirada da cama, imóvel. Sabia: todas as histórias de amor eram iguais e não havia como escapar – a não ser contrariando o script, ignorando anseios e expectativas e, sem direito a arrepender-se, honrar até o fim o pacto feito nas noites tórridas em que se julga o amor eterno. Não era o seu caso: estava decidida a um novo recomeço. Mas incomodava um pouco a sensação de que, não importava quais caminhos percorresse, aquele beijo havia selado sua vida.
Últimos posts por Débora Böttcher (exibir todos)
- “ALIKE” – PARA QUE EDUCAMOS AS CRIANÇAS? - 22/05/2024
- UM ANO SEM LUNA - 15/05/2024
- A “ONDA” DA COMUNICAÇÃO INTUITIVA - 01/05/2024