Sempre fui amante das tempestades. Gosto da chuva rápida que limpa o ar e a terra, raios e trovões que iluminam os céus.
Mas foi quando adotamos Luna que minha percepção dos temporais mudou: na primeira vez que choveu com intensidade, ela se desesperou, entrou num estado de ansiedade assustador, subiu as escadas num rompante. Eu a coloquei na nossa cama, deitei-me ao seu lado; Maya também se achegou – ela sempre pareceu tentar proteger Luna.
Devagar ela foi se acalmando; quando relaxou um pouco, deitou-se com as costas encostadas na minha perna, minha mão acariciando seu pelo rústico. Assim ficamos até os sons do tempo silenciarem, só o chuva leve lá fora…
Isso foi uma espécie de ritual que seguimos durante os quase seis anos todas as vezes que as tormentas balançaram os dias ou noites.
Pois desde que Luna adormeceu para sempre, só hoje à tarde os céus se derramaram em rajadas de vento, aguaceiro e vendaval. Raios. Trovoadas. A luz piscou e acabou.
Eu me deitei. Maya nunca teve medo de chuva, mas hoje ela se deitou da mesma forma que Luna, as costas na minha perna. Minha mão acariciou seu pelo cor de chocolate.
Não tem um dia que não sintamos sua falta…
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