“Antes do Amanhecer” (1995), uma produção de baixo custo, virou sucesso ‘cult’ e marcou uma geração – acho que a minha. Nove anos depois, “Antes do Pôr-do-Sol” (2004) veio para mostrar como se deu o reencontro da francesa feminista e o norte-americano sonhador, deixando no ar se ficariam juntos ou se tudo não passava de uma paixão platônica da pré-idade-responsável. “Antes da Meia-Noite” (2013), vem coroar essa relação mostrando os (tão conhecidos) problemas da vida a dois.
Filmado na Grécia, continua ‘cult’, com diálogos muito inteligentes, com o risco de não agradar a todos. Mas o que o torna, afinal, um filme especial se é tão ‘lugar comum’?
Primeiro, porque mostra a vida como ele é: ficar junto é muito mais difícil quando se está junto. A rotina maçante, filhos, frustrações pessoais e afins, fazem os pares se questionarem, todos os dias, se o outro ainda é a mesma pessoa por quem se apaixonaram.
O amadurecimento pessoal é outra questão: lidar com os limites individuais e os impostos pela inevitável troca dos sonhos pela realidade, nos mostra que, não importa quanto se amem nem como o sexo ainda é bom, casais brigam. Conversas transformam-se em discussões absurdas e vão puxando o fio de meadas fora de contexto, mostrando que o reverso mortal da intimidade é saber exatamente o que dizer e como agir para atingir o outro.
“Antes da Meia-Noite” mostra o óbvio das relações: as diferenças são complementares e necessárias. O que leva a vida muito à serio, precisa daquele que vive um dia de cada vez; aquele que tem insônia por causa das contas a pagar, precisa do que dorme feito um anjo – ainda que a geladeira esteja vazia; os passionais precisam dos racionais, sempre espantados com as reações exageradas…
Li que a trilogia acaba com esse filme, mas a última cena dá indícios de que haverá mais sobre essa vida que segue – já que nem mesmo as relações que acabam, sempre terminam…
Um bom filme para o fim de semana – e, se tiver ânimo, é interessante rever os dois primeiros antes de ver o terceiro.
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