Entre nós – O filme é de 2013, mas uma ótima opção para prestigiar o cinema nacional.
Dirigido pelos cineastas Paulo Morelli e Pedro Morelli (pai e filho), o longa conta a história de um grupo de amigos que volta a se encontrar dez anos após o acidente que vitimou um deles.
A trama começa em 1992, quando eles são jovens sonhadores e escrevem cartas para suas versões no futuro, marcando um encontro para dez anos depois.
Em 2002, os efeitos do tempo estão claramente marcados – seja pela tragédia da morte do amigo ou pela direção que cada um deles seguiu.
Embora tenha um enredo previsível – logo de cara você sabe dos preâmbulos da trama principal, que envolve Felipe (na pele do excepcional Caio Blat) -, a narrativa flui com beleza e simplicidade.
Amor, sexo, traição e frustração são alguns dos temas abordados, que também mostra como sonhos podem nunca se realizar – apesar dos esforços -, e como cada um lida com isso e segue a vida.
Outro filme interessante – e está na Netflix – é Felices 140, uma comédia espanhola cheia de dramas dirigida por Gracia Querejeta (co-escrito por Querejeta e Antonio Mercero).
Aqui uma médica veterinária convida um pequeno grupo de amigos mais próximos para a celebração de seu aniversário de 40 anos.
Numa mansão paradisíaca às margens do oceano, ela conta a todos que ganhou 140 milhões de euros na loteria. O que se passa daí pra frente, pode ser chamado de caos – muito embora, nem tudo surpreenda.
Ambos os filmes nos levam à reflexões sobre amizades, segredos e chantagens. Como o ser humano se modifica ante a situações extremas e age de forma aparentemente irracional, mas que, na verdade, é milimetricamente calculada – e até previsível.
É como escreveu Nelson Rodrigues – “O ser humano é o único que se falsifica. Um tigre há de ser tigre eternamente. Um leão há de preservar, até a morte, o seu nobilíssimo rugido. E assim o sapo nasce sapo e como tal envelhece e fenece. Nunca vi um marreco que virasse outra coisa. Mas o ser humano pode, sim, desumanizar-se. Ele se falsifica e, ao mesmo tempo, falsifica o mundo.”
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