Fim de ano. Os dois meninos assustados e imunes ouvem a ladainha repetida na mesma época. Inventário de malandragens. O pai enumera resultados ruins na escola, alegrias exageradas, descompromissos com tudo. Na idade deles já estava trabalhando. Não seriam nada, nunca! Depois se abrandava, encerrava o discurso pedindo: “Façam por ser felizes!”. Não conseguiria por eles. Cresceram, engordaram, ganharam sombras na alma. Recordam rindo o passado. Saudosos, unidos, amigos. Ao se despedirem, o mais novo, apertado no abraço do outro, imerso nas dúvidas de sempre, segreda-lhe no ouvido: “O que é felicidade?”
| Ricardo Ramos Filho |
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