Quando criança, ela não se despedia das pessoas nem dos locais – achava que todos duravam para sempre e que sempre poderia voltar para os lugares onde era mais feliz. Também acreditava ser possível atrasar as horas, tocar estrelas, minimizar as dores – e pensava que chorar era só um jeito de facilitar os desejos. Mas enquanto crescia, a realidade despejava, em pequenas golfadas, descobertas tristes. A infância e suas delicadas alegrias iam ficando soterradas num sótão interior, transformando-se em lembranças remotas, enquanto a vida urgente ia exigindo que crescesse, assumisse responsabilidades, fizesse escolhas, virasse a moça dos sonhos de alguém. Agora, às margens dos cinquenta anos, ela tenta juntar seus pedaços para ser a mulher inteira que, mais adiante, vai olhar para todas as que foi sem arrependimentos – só saudade.
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