“A sociedade não gosta
de ser interrompida na sua lógica.”
A frase é da arquiteta Beatriz Goulart, mulher do jornalista Maurício Kubrusly, e é dita no documentário/homenagem “Mistério sempre há de pintar por aí”, disponível no Globoplay, para explicar seus medos ante eventual julgamento de gafes públicas do marido.
Entre trechos de reportagens e o dia a dia no interior da Bahia onde vivem, estão as pegadas do mal que vai sugando sua memória – a Demência Frontotemporal.
Em entrevista recente à revista Veja, Beatriz declarou que se prepara “para o dia em que ele vai esquecer seu nome” – o único que atualmente ainda se lembra.
Diante do inevitável avanço dessa escuridão neural/mental, sem romantizar a doença, ela pauta a rotina no presente – “um dia de cada vez” -, com cuidado, paciência, amor e alguma normalidade.
Um dos momentos mais emocionantes é o encontro com Gilberto Gil – em que se presencia o vácuo latente deixado pelas lembranças, ser preenchido pelo afeto. Nesse território, o respeito pela trajetória do jornalista se engrandece.
Num mar de fendas gigantes, em que ler e escrever não lhe é mais praticável, o que permanece é o som da trilha sonora que todo dia ele escolhe para seguir rabiscando mais uma história possível – de tantas que nos apresentou…
Assistam… ♥️
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