Nicole Kidman dispensa comentários – e quando se trata de retratar emoções extremas, ela se agiganta ainda mais. E é o que acontece na minissérie “Expatriadas”, produção da Amazon Prime, disponível no streaming.
Com um enredo que destila uma dor aguda, a trama dividida em seis capítulos de +/- uma hora, se desenrola, desde a primeira cena, através de uma tragédia que beira o insuportável – e segue nessa toada até o instante final.
Também se mostra um retrato de gerações, culturas e classes que espelham a vida de mulheres reais, que diariamente tem que lidar com com suas perdas, traumas, culpas e dores, enquanto tentam seguir com a vida sob o manto desse caos emocional que não dá trégua.
E se você assistiu “Que horas ela volta?”, vai identificar traços da relação patroas x empregadas, que no mundo todo se permeia por uma linha tênue entre a amorosidade e a superioridade.
O embate religioso também é inquietante, levando a reflexões em especial pra quem tem fé, mas instigando quem não tem – diante da angústia desmedida, há consolo num deus – qualquer ou algum deus? O embate mostra que não há como ser definitivo sobre a existência de um poder supremo, mas tampouco se deve mitigar a crença do outro – cada experiência nesse campo é única.
De toda forma, o ponto alto é a tristeza. O “desaparecimento”, em todas as suas formas, é uma agressão desmedida; envolvendo todos os personagens, sempre num crescendo e sempre beirando os extremos, a dor passeia pelos cantos, onipresente, onisciente e forasteira, arrasando quaisquer perspectivas.
O diálogo final é arrebatador por ser óbvio, por retratar tão singelamente o que todas nós fazemos todos os dias para sobreviver: “Levantar. Abrir as cortinas. Escovar os dentes. Caminhar. E cantarolar.”
Vale ver – mesmo que para ir até o fim, seja preciso enfrentar ou se distanciar da própria dor cotidiana. “Expatriadas” nos mostra que podemos superar tudo – não é fácil, mas podemos. E essa é a lei universal da vida.
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